Criado em 1971, o Programa tem se destacado pelo seu pioneirismo no Brasil como programa de pós-graduação específico de História Econômica, constituindo-se como de referência nacional na formação de profissionais com destacada atuação na docência e na pesquisa na área. Ao longo desse período, foram formados quadros hoje atuantes nas mais diversas universidades do país. Os pesquisadores formados pelo Programa também atuam na área de educação básica, de patrimônio, de políticas públicas, ciência e tecnologia, economia e administração. Essa diversificação, que reflete as mudanças intensas no perfil de atuação profissional dos historiadores, foi levada em conta pelo Programa na atualização recente de suas linhas de pesquisa. Do ponto de vista teórico-metodológico, o programa tem-se dedicado ao estudo e à pesquisa da História Econômica na perspectiva dos historiadores, buscando ir sempre além do arrolamento cronológico e/ou quantitativo das ocorrências econômicas e compreendê-las dentro de contexto social mais diverso, em que o econômico só pode ser entendido quando relacionado à política e à cultura. Parte, portanto, de visão mais ampla da economia, como instância do histórico, em movimento dialético e não em perspectiva economicista. Tal posicionamento teórico implica na possibilidade de uma gama variada de análises, desde as conceituais, até as econométricas, fixando-se principalmente na produção social dos eventos econômicos. Essa perspectiva tem permitido que diferentes pesquisadores possam trabalhar gama diversa de temas de pesquisas, preservando a heterogeneidade desde fundamentos comuns que integram a essência do programa desde sua fundação.

A criação do Programa, em 1972, já trazia a força de trabalhos pioneiros desenvolvidos desde a década de 1940, como os Alice Canabrava, Olga Pantaleão, Eurípedes Simões de Paula, dentre outros. A partir da década de 1970, uma produção importante marcou a historiografia da área, como os trabalhos:

  • Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (Fernando Antonio Novais)
  • A Lavoura Canavieira em São Paulo (Maria Thereza Schorer Petrone)
  • O Brasil no Comércio Colonial (José Jobson de Andrade Arruda)
  • A Escravidão negra em São Paulo (Suely Robles Reis de Queiroz)
  • A República Velha, O Pensamento industrial no Brasil e O Movimento operário no Brasil (Edgard Carone)

Num outro momento destacam-se obras como: 

  • A Família Brasileira (Eni de Mesquita Samara)
  • Terra, Trabalho e Poder (Vera Lucia Amaral Ferlini)
  • O Pacto Imperial: origens do federalismo no Brasil / História do Brasil Império (Miriam Dolhnikoff)
  • A formação da elite colonial (Rodrigo Monteferrante  Ricupero)
  • Os Senhores da Terra: Família e sistema sucessório entre os senhores de engenho do Oeste paulista 1765-1855 (Carlos de Almeida Prado Bacellar)
  • O negativo do Capital: o conceito de crise na crítica de Marx à economia política (Jorge Luís da Silva Grespan)

Mais recentemente, tem-se a publicação de obras premiadas como:

  • O Império dos Livros (Marisa Midori Deaecto)
  • Caio Prado Júnior: uma biografia política (Luiz Bernardo Pericás)

O corpo docente do Programa é formado por especialistas nas mais variadas áreas da História:

  • História Medieval (Ana Paula Tavares, Marcelo Cândido da Silva);
  • História Moderna (José Jobson de Andrade Arruda, Iris Kantor);
  • História Contemporânea (Osvaldo Coggiola, Luis Bernardo Pericás, Wilson do Nascimento Barbosa, Everaldo de Oliveira Andrade);
  • Teoria da História (Jorge Luís da Silva Grespan, Sara Albieri);
  • Historiografia (Raquel Glezer, Sara Albieri);
  • História do Brasil Colônia (Pedro Luis Puntoni, Rodrigo Monteferrante Ricupero, Vera Lucia Amaral Ferlini, Daniel Strum);
  • História do Brasil Império (Horacio Gutiérrez, José Flávio Motta, Luciana Soares);
  • História do Brasil República (José Eduardo Marques Mauro, Suely Robles Reis de Queiroz, Alexandre Freitas Barbosa, Alexandre Macchione Saes, Guilherme Grandi);
  • História da Ciência (Gildo Magalhaes, Francisco Assis de Queiroz);
  • História da América (Horacio Gutierrez);
  • Demografia Histórica (José Flávio Mota, Carlos de Almeida Prado Bacellar);
  • História do Livro e da Industria Cultural (Lincoln Secco, Marisa Midori Deaecto, Renato Martins);
  • História das Relações Internacionais (Felippe Loureiro);

Dentre os docentes, 8 são Pesquisadores CNPq:

  • Alexandre de Freitas Barbosa
  • Alexandre Macchione Saes
  • Carlos Almeida Prado Bacellar
  • Iris Kantor
  • Jose Jobson de Andrade Arruda
  • Marcelo Candido da Silva
  • Pedro Luis Puntoni
  • Vera Lucia Amaral Ferlini

Presença de nossos docentes em instituições no exterior, desenvolvendo seus projetos de pesquisa e intercâmbio com Universidades;

O Programa de Pós-Graduação em História Econômica é composto por professores da FFLCH, FEA, FEA RP, IEB, IRI, ECA e externos, especialistas dos cursos de História e de Economia, com reflexos na formulação das disciplinas e na massa crítica que embasa as orientações dos trabalhos. Ao mesmo tempo, tradicionalmente, o Programa recebe graduados em História, Economia, Administração, Engenharia e Medicina, entre outras especialidades que, em rica integração, desenvolvem pesquisas originais, centradas em estudos sobre Teoria e Metodologia, Estudos de População, Estudos Agrários e Fundiários, Economia Urbana e História das Políticas Públicas. Tal caráter multidisciplinar e a reformulação do Programa destaca o perfil eclético em sua composição.

Destaque-se ainda a atuação do Corpo Discente na realização do Congresso do Programa, desde 2017. Em 2017, foi realizado o VIII Congresso que contou com 108 apresentações discentes, 4 conferências e 3 minicursos para graduação com 38 inscritos no total. Em 2018, foi realizado o IX Congresso que contou com 4 conferências, 119 apresentações, 6 minicursos para graduação com 82 inscritos e 6 lançamentos de livros. Na última edição em 2019, o X Congresso contou com 101 apresentações, 8 minicursos com 96 inscritos e 3 conferências.

Programa encontra espaços como laboratórios, centros de pesquisa e estudos e bibliotecas que oferecem condições de excelência, proporcionando a interação e a promoção das atividades de pesquisa.

Os locais contam com conexão wifi, mobiliário adequado, além de equipamentos de apoio – informática e audiovisual.

É importante ressaltar essa estrutura composta por 14 laboratórios e 4 grandes bibliotecas: Biblioteca Florestan Fernandes (FFLCH), Serviço de Biblioteca e Documentação da FEA/USP – SBD/FEA, Biblioteca do IEB e a Biblioteca Brasiliana Mindlin, o que permite o acesso a amplos acervos físicos com mais de um milhão de volumes, entre livros, periódicos, dissertações e teses e multimeios. A USP também disponibiliza o acesso on-line a diversas bases de pesquisas como Periódicos CAPES; JStor; Project Muse; Eighteen Century Collections On line; The Making of Modern World; Film Index International, que são de acesso restrito e outras de acesso livre, como a da própria USP, Gallica, Persée, Scielo Brasil, entre outras.

Nesse sentido, pelas características interdisciplinares do próprio programa, que incorpora e compartilha em sua estrutura, laboratórios e centros de outras unidades da USP, as atividades de formação e treinamento de pesquisadores, desde a Iniciação Científica até o Pós-Doutorado; intercâmbio com Instituições afins, no Brasil e no Exterior; execução de projetos individuais, integrados e coletivos, com equipes nacionais e internacionais; apoio na orientação de dissertações e teses; assessoria; realização de cursos, palestras, simpósios e eventos voltados para a comunidade científica e o público em geral; publicação de pesquisas acadêmicas potencializam a qualidade da pesquisa docente e discente do programa mantendo diálogo constante com a comunidade científica.

Panorama da autoavaliação:

A publicação dos resultados do processo de avaliação de 2016, que colocou em risco a continuidade de nosso doutorado, levou a intensa reflexão sobre o Programa, buscando um diagnóstico de nossas virtudes e de nossos pontos sensíveis, de modo a criar objetivos, metas e estratégias para recobrar o padrão de excelência da História econômica da USP.

O primeiro ponto a ser ressaltado é o próprio conceito de História Econômica, em um programa de História, que busca entender a economia como elemento fundante da existência humana, como processo social e cultural, não se resumindo a uma economia retrospectiva.

Os enfoques teóricos, as Linhas de Pesquisa, os Projetos de Pesquisa, bem como a produção intelectual do Programa de Pós-Graduação em História Econômica não se atém ao debate econômico stricto sensu, mas abrangem a inter-relação das várias esferas de existência com a da produção econômica.

Se esse é um elemento forte, do ponto de vista da História, pode, também, levar a uma excessiva abertura de objetos e abordagens teórico-metodológicas.

Tendo em vista essa diversidade, buscou-se, nas reuniões da Comissão Coordenadora do Programa, na interlocução com os alunos, nos Congressos do Programa, nos Colegiados da Universidade, elencar os pontos fortes do Programa e os pontos sensíveis, que merecem atenção.